Até onde?

Até onde você está disposto a ir pelas coisas nas quais acredita? Qual o momento em que você deve dizer: chega, cansei, vou pra outra? Aposto que você já deve ter se feito essa pergunta algumas centenas ou milhares de vezes em sua vida 🙂

O interessante é que esse tipo de pergunta se aplica a diversas áreas de nossa vida. Será que vale a pena seguir passando por isso no meu trabalho? Será que eu não posso ser feliz em um relacionamento com outra pessoa? Será que não está na hora de trocar meu carro? Enfim, a questão é aplicável em várias áreas, mas naquelas em que há uma conexão íntima a escolha é muito mais difícil.

Na semana que passou uma das minhas amigas do curso de Psicologia me perguntou: você já pensou em desistir do curso? A minha resposta para ela foi: não, desde que comecei a estudar Psicologia eu me apaixonei, criei uma conexão íntima com o que estava aprendendo e nunca sequer passou pela minha cabeça desistir. Não é fácil acomodar tudo o que eu faço, mas estudar esse negócio acabou se tornando para mim algo em que verdadeiramente acredito.

Tenho acompanhado diversas mudanças no mercado de trabalho, pessoas indo e voltando em várias empresas. Quando eu vejo tais movimentações me pergunto: o que leva as pessoas a fazerem isso? Acho que tem duas explicações: 1) é quando elas deixam de acreditar no que faziam naquele momento. Perdeu o significado, se tornou tão vazio que uma simples proposta econômica igual, ou às vezes menor, faz com que elas tomem a decisão de sair. 2) é uma decisão transacional e passageira, por dinheiro, prazer, vício ou para se sentir segura.

Para mim é quase que impossível não associar uma decisão de sair (de qualquer coisa, lugar ou relacionamento) ao meu dia a dia no esporte. Eu perdi a conta de quantas vezes passou na minha cabeça desistir de alguma das minhas atividades esportivas. Tiveram sempre duas razões pelas quais eu decido ficar a cada vez que essa idéia me vem. A primeira é que eu tenho uma crença inabalável nos benefícios do esporte para minha saúde física e mental. A segunda é que a cada dia eu vejo que me torno uma pessoa melhor. Melhoro meu movimento, minha capacidade aeróbica, minha técnica, meu sono, etc.

Mas, onde eu quero chegar com isso? De quem realmente depende a sua decisão de sair de um trabalho, de uma relação ou atividade? É da empresa, da pessoa que você se relaciona ou da atividade em si ou depende de você? Eu acho que depende da gente, depende de mim transformar meu trabalho em algo bom para mim e em que eu me construa. Depende de mim transformar a atividade que realizo (esporte ou estudo) em algo que me torne um ser humano bem acima da média. Depende de mim cultivar os relacionamentos interpessoais que tenho em momentos agradáveis e seguros.

Mas vamos ficar eternamente investindo nessas coisas? Não precisamos mudar? Não, não precisamos mudar desde que essas coisas tenham um significado para a gente e que elas sigam nos transformando em pessoas melhores. Se tornar a cada dia uma pessoa melhor já é por si só uma mudança. Uma decisão que fuja dessa lógica se torna transacional, meramente econômica (seja financeira, seja em esforço físico ou cognitivo). Uma decisão meramente transacional coloca em risco seu significado e construção.

Agora, o trabalho perdeu o sentido e sem contribuições para o seu crescimento, o relacionamento não está lhe ajudando (ao contrário, está lhe colocando para baixo, lhe diminuindo), a atividade lhe causando estresses e não gerando satisfação ou benefícios, enfim, o carro está dando muita manutenção e lhe deixando na mão, mude! Pula fora, busque algo melhor! Busque algo com significado e que permita a você seguir seu processo de crescimento pessoal.

Na linguagem matemática: até onde = f (significado, crescimento pessoal).

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Autor: André Ferreira

Diretor de Vendas LATAM na LivePerson, Doutor em Ciências, Mestre em Engenharia e MBA em Gestão de Operações pela POLI USP. Estudante de Psicologia.

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