Qual a pressa?

Hoje voltando da academia eu notei várias pessoas cruzando a Av. Paulista enquanto o sinal estava fechado para o pedestre. Eles atravessaram até o meio e ficaram na ciclofaixa esperando pela abertura do sinal. Fiquei observando a correria e como essas pessoas acabaram se colocando em risco correndo na frente de carros e se colocando em um local pouco protegido no meio da avenida. Por que elas fizeram isso? E não eram poucas pessoas…

Já notaram que essa pressa e correria do dia a dia é uma característica do momento atual em que vivemos. Fazemos tudo corrido, em todos os lugares. Tudo é urgente, tudo é prioritário, e a gente está tão inserido nesse contexto que não consegue notar essa loucura em que vivemos. Está tão arraigado em nosso comportamento que as pessoas que atravessaram no vermelho não devem ter notado que fizeram isso para ganhar 10 segundos.

Acabo notando essas coisas por conta da prática da Esgrima. Quando jogamos (especialmente quando somos mais inexperientes), temos uma pressa instintiva em tentar terminar o ponto rapidamente. Na sala de Esgrima nosso treinador está sempre falando: “calma, não se apresse, use a pista, trabalhe o ponto”. À medida que vamos treinando, ouvimos menos dessas instruções 😂, mas ainda assim é difícil controlar. A razão é óbvia, fora da sala de Esgrima estamos sempre pressionados a fazer as coisas com pressa.

O que fazer então? Estamos fadados a sempre correr, a nos apressar por causa do contexto? Não, não estamos. Ontem eu recebi uma mensagem de um cliente/parceiro por volta das 17h, respondi hoje às 11h depois de pensar muito em como melhor responder. Podemos escolher seguir aceitando essa pressa toda, ou podemos parar, respirar, trabalhar melhor o ponto para depois reagir. É uma escolha nossa… até mesmo para atravessar a rua!

Existem momentos para reagir rápido, ter pressa na vida, mas é provável que sejam a exceção! Se observarmos bem, podemos identificar esses momentos. Basta entrar com passo curto e lento: touché!

Caindo para cima

Estou lendo o livro do Shawn Achor, The Happiness Advantage. É um livro interessante com bastante embasamento científico que me chamou a atenção por alguns termos provocativos colocados pelo autor. Cair para cima é um desses termos. Basicamente, o que o autor quer dizer com isso é que, na adversidade, quando a vida nos dá uma porrada, ao invés de nos colocarmos para baixo, podemos usar a frustração da situação para ficar mais fortes e crescer. Algo semelhante a ideia do psicólogo Austríaco Alfred Adler.

Bom, esse livro se baseia na psicologia positivista, que busca olhar o mundo sob as lentes do lado construtivo das coisas ou dos eventos. Trocando em miúdos, seria como olhar o copo meio cheio. Mas o legal disso é que essa abordagem tem um lastro interessante na forma como o nosso cérebro funciona. De forma simples, vemos normalmente o que queremos ver. Se damos muito foco em coisas negativas, vamos ter a impressão de que tudo que passa com a gente é ruim. Por outro lado, se mudarmos o foco para coisas positivas, vai parecer que somos muito sortudos.

Outro termo que me chamou atenção foi “aleijado pela frustração”. Esse é forte E descreve pessoas que, em função de experiências negativas, não possuem forças para se erguer e buscar soluções ou saídas ficando emocionalmente, ou mentalmente, aleijadas e incapacitadas. Eu particularmente acho uma posição extremista, mas ao mesmo tempo, vejo com bastante frequência pessoas que se colocam nessas situações por diversas razões. Uma dessas razões é que muitas vezes deixamos que eventos externos controlem as nossas vidas ao renunciar a ações que podemos fazer por nós mesmos para nos protegermos destas situações.

Na realidade, coisas boas e ruins vão acontecer com a gente a todo momento, mas se vamos cair para baixo ou para cima, vai depender muito da maneira como vemos o mundo ao nosso redor. Tomar o controle e buscar ações que nos protejam e forcem visões positivas é outro aspecto que contribui para cairmos para cima. No final, muito é questão do controle de perspectiva, controle de contexto e controle de ações.

Pequenas vitórias…

Estamos sempre muito atentos as grandes conquistas das pessoas. Desde cedo a gente é cobrado por nossas grandes conquistas. Na escola somos verdadeiramente reconhecidos quando tiramos notas altas. No esporte quando chegamos ao podium. No trabalho, quando recebemos uma promoção importante ou um bônus em dinheiro. Nosso mundo gira em torno das grandes conquistas. É um comportamento tão arraigado que provoca guerras e é capaz de transformar a ação de várias pessoas.

Não acho errado querermos obter grandes conquistas, afinal de contas, o que seria da humanidade sem as grandes conquistas. A pergunta é, a nossa vida é feita apenas de grandes conquistas? Logicamente, não! Muitas pessoas inclusive passam a vida inteira sem obter nenhuma grande conquista. Isso sem levar em consideração que o termo “grande conquista” é muito relativo de cada pessoa.

Mas, e se a gente subverter a lógica que fomos ensinados e nos focarmos e valorizarmos as pequenas vitórias do dia a dia? Ao contrário da grande, a pequena vitória não é relativa, ela é granular e pequena. Por exemplo, chegar cedo todo o dia na escola e prestar atenção na aula são duas pequenas vitórias diárias. Se hidratar e dormir 8 horas por dia, mais duas. Caminhar e ler 20 páginas de um livro, mais duas. Enfim, poderíamos nos orgulhar de cada uma das dezenas de pequenas vitórias que conseguimos a cada dia, mas não o fazemos porque estamos sempre preocupados com as grandes conquistas.

Ah, e tem um detalhe muito importante sobre as pequenas vitórias: elas não são para os outros verem, são para nós mesmos!

É provável que se a gente se concentrasse em fazer bem cada pequena atividade, obtendo cada pequena vitória associada a ela, no acumulado chegaremos naturalmente às grandes conquistas. Trabalhar nas pequenas atividades e vitórias evita que divaguemos no futuro por coisas fora do nosso controle. Não só isso, a consciência da obtenção das pequenas vitórias nos dá rápidas recompensas emocionais necessárias para a manutenção consistente das pequenas atividades. A consequência direta disso é uma maior percepção de felicidade e completude.

Já pensou parou para pensar nisso?

Novo começo…

Ontem uma amiga me mandou a seguinte frase: “Não tenha medo de começar tudo de novo. Talvez você goste mais da sua nova história”. Acho esse tipo de frase sensacional porque reflete em grande parte a minha vida. Sempre fui cercado, ou envolvido, por grandes mudanças. Desde que me entendo por gente a vida foi me empurrando por caminhos que impuseram mudanças em diversas áreas. A construção da minha personalidade acabou sendo amplamente influenciada por isso.

Falando de um passado mais recente, desde que vim para São Paulo as coisas não saíram exatamente como planejei. Todo o trabalho que pegava começava por algo e logo era puxado em outra direção. Não à toa, embora com formação técnica, acabei por pousar na área de vendas. No estudo, comecei em Engenharia e depois de mais de 25 anos aterrissei na Psicologia. No esporte, comecei correndo e hoje faço Esgrima e mais uns exercícios malucos que o Daniel inventa.

Quando vemos uma frase como essa que minha amiga me mandou tendemos imaginar que a mudança é intencional. Isso é um erro, quase nunca mudamos de maneira intencional. Ao contrário, sempre buscamos evitar a mudança. No meu caso, o que descrevi acima não foi intencional. Cada mudança foi acontecendo porque foram me puxando. As pessoas, o contexto, foi me abrindo as oportunidades de mudança e eu fui entrando. O mais importante disso é que eu nunca bloqueei a mudança. Nunca deixei de me permitir experimentar algo novo.

Então em relação a frase, não é que precisemos buscar a mudança. Na grande maioria das vezes precisamos estar ABERTOS às mudanças. As oportunidades sempre vão aparecer em nossas vidas, cabe a nós estar abertos a recebê-las. É, mais uma vez, uma escolha que fazemos.

Claro que ficar mudando assim não é para todo mundo. A personalidade de cada um é quem vai ditar o ritmo e frequência de mudança. Para mim, particularmente, a mudança significa uma oportunidade de experimentar algo novo. Tenho claro que a passagem nesse mundo é curta e o que vai valer no final de tudo é a experiencia vivida por cada mudança experimentada. Não me abro para mudanças, mas sim, por novas experiências.

A jornada é sempre mais interessante que o fim!

Na defensiva

Você já sentou para conversar com uma pessoa e sentiu que ela estava na defensiva com o seu argumento? Quantos de nós estamos realmente abertos a novas experiências ou conhecimento? Faz parte de nosso traço de personalidade o quão aberto estamos a aprender ou ter novas experiências. As pessoas se comportam de formas diferentes em relação a isso.

Um dos fatores que define esse traço é o contexto que vivemos e que estamos inseridos. Quanto mais justo, aberto e seguro esse contexto, maior nossa abertura a novos conhecimentos e experiências. Por exemplo, viver em ambientes muito competitivos e cidades grandes onde há uma certa briga para sobreviver, desfavorece esse traço.

Mas uma das coisas que me surpreende em relação a esse traço é de que algumas pessoas se abrem para aprender com conteúdo de mídias sociais mas se fecham para aprender com pessoas reais, como pais, familiares e amigos. Muitos jovens, por exemplo, tendem a buscar e defender mais conteúdo de TikTokers que o conhecimento de outras pessoas de referência. Aqui em casa temos problemas para demonstrar que o conhecimento das mídias sociais não é adequado.

Ontem conversando com uma pessoa do trabalho falávamos também de quanto os clientes estão na defensiva em relação a aprender novos conhecimentos de fornecedores de tecnologia. Faz parte do traço de abertura discutido antes e o ambiente competitivo das empresas não favorece. Não tenho certeza, entretanto, de como eles procuram aprender e ou experimentar novidades. De repente usam o YouTube ou influencers no LinkedIn como fonte de conhecimento também. O fato é, para aprender de fornecedores, eles se fecham.

Tenho algumas suspeitas de como transpor essas barreiras defensivas nas pessoas. Os TikTokers dão a dica: formato do conteúdo. Eles sabem formatar para informar sobre algo. A segunda é o valor percebido da informação: se o destinatário entende o valor, ele se abre. Mas a terceira é mais interessante: ninguém quer ter que engolir conteúdo forçado. Bom, é testar para ver se funciona 😬