A fonte…

Estou lendo um livro super interessante escrito por uma Neurologista chamada Tara Swart. Neste livro, A Fonte, ela explica em detalhes o funcionamento do nosso cérebro e como esse funcionamento está ligado a determinados comportamentos que adotamos em nosso dia a dia. Lá, ela discute sobre um conceito que acho lindo chamado de Neuroplasticidade.

Basicamente, Neuroplasticidade é a capacidade que o nosso cérebro possui de se adaptar a determinadas tarefas. De acordo com as circunstâncias, podemos reforçar ou diminuir conexões neurais que fazem com que consolidemos ou esqueçamos de algo. Este algo pode ser um pensamento, um conhecimento ou um movimento executado pelo nosso corpo.

Mas o que Neuroplasticidade tem a ver com Psicologia? Simplesmente, TUDO! É através dessa tal Neuroplasticidade que podemos ajustar nossos comportamentos, nossas ações independente da idade que tenhamos. A ideia de que estamos velhos para aprender algo novo ou mudar o comportamento é a maior balela de todas (voltaremos nisso logo abaixo).

Bem, a Dra. Tara fala no livro sobre seis áreas em que o nosso cérebro se especializa para desenvolver comportamentos, são elas: emoções e relações; movimentos físicos; intuição; motivação; lógica e criatividade. Via de regra, possuímos caminhos neurais em nossos cérebros que habilitam a realização de cada um destes grupos de tarefas. Ao longo de nossas vidas, através da Neuroplasticidade, reforçamos ou enfraquecemos as conexões neurais relativas a cada uma delas. Fazemos isso por mera escolha nossa ao longo de nossas vidas…

Mas o ponto crítico aqui é o seguinte, esse reforço ou enfraquecimento das conexões neurais não é permanente. Por exemplo, imaginem o caso do Catatau, que trabalhou a vida inteira em um ambiente em que precisou contar com sua intuição, lógica e criatividade para a tomada de decisões e executar seu trabalho. Nesse período ele reforçou as conexões neurais relativas a esses comportamentos e enfraqueceu os outros. Mas aos 40 anos, ele resolveu mudar a sua vida e passou a trabalhar suas emoções e relações, o movimento do seu corpo e sua motivação. Após alguns meses ele reforçou as conexões neurais relativas a essas três novas áreas. As outras que já estavam fortes vão perdendo intensidade, mas em um determinado ponto, ele está no ápice das seis áreas com conexões super reforçadas e pensando claramente cada passo que dá em sua vida.

Agora vamos voltar a balela de que estamos velhos para fazer algo novo ou mudar de vida. Se você se sente assim, não é por limitação do seu corpo ou do seu cérebro, é uma escolha que você está fazendo. Como diria Alfred Adler, você está usando a velhice como uma desculpa para fazer algo que quer, que está preso. Preso em vícios que geram cadeias de dopamina em seu corpo ou com preguiça de levantar o rabo da cadeira e se arriscar em algo novo. Você se convence de que está velho, com dor ou qualquer outra desculpa para não mudar de vida… O nome técnico para isso é Teleologia.

Uma das coisas que mais gosto da abordagem Adleriana é que nós definimos quem queremos ser. Não depende do nosso passado, depende apenas do que queremos no presente. E quando leio estudos de Neurociência que mostram que a nossa potência (no sentido mais filosófico e Aristotélico de todos) já está dentro da gente, eu me convenço cada vez mais de que Adler tinha razão!

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Autor: André Ferreira

Diretor de Vendas LATAM na LivePerson, Doutor em Ciências, Mestre em Engenharia e MBA em Gestão de Operações pela POLI USP. Estudante de Psicologia.

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