
Passamos por algumas situações em nossas vidas que despertam nossos sentimentos mais humanos. Nessas situações, a melhor coisa que podemos fazer é viver o sentimento e passar pela situação.
No Domingo saí para resolver algo e quando voltei para casa fui correndo no quarto do Pedro para assistir uma série que estamos acompanhando juntos. Abri a porta e encontrei ele com a cabeça baixa e chorando. Eu já imaginava o que havia acontecido, mas insisti que ele me contasse, se abrisse. Ele me disse: “eu gostava do Renato”. O Renato foi professor dele de Português por alguns anos. Ele combinava muito com o Pedro. Mas o Renato conseguiu algo melhor e precisou largar as aulas particulares. Ficamos muito felizes pelo Renato, mas sabíamos o que o Pedro sentia.
Depois, sentados no sofá, o Pedro me disse: “eu estava revisando nossos planos de estudo e vi que estávamos juntos faz dois anos. Fazia tempo que alguém não saía da minha vida”. Isso que o Pedro sentiu é um dos sentimentos mais humanos que podemos experimentar. A preocupação e a saudade da presença de uma pessoa é algo que carregamos a muitas gerações em nossos genes. São sentimentos que criam conexões entre pessoas e que nos ajudaram a cooperar e persistir como espécie. Evoluímos por causa de sentimentos como esse.
Essa foi uma situação que me tocou bastante. Conversei muito com o Pedro em função disso, acho que ele cresceu experimentando essa situação e entendendo que a vida nos coloca sempre de frente com esses momentos. Eu costumo dizer que esses são os momentos da verdade de uma amizade. São nesses momentos que realmente podemos fazer a diferença na vida das pessoas.
Não quero ver meu filho sofrer, ninguém quer. Mas ao mesmo tempo, fiquei feliz de ver como ele reagiu frente a situação. De ver como ele está se preparando para a vida. Gosto da ideia de que tentamos ajudar o Pedro a se construir como uma boa pessoa. Queremos que ele faça diferença na vida dos outros, assim como o Renato fez na dele. Obrigado, Renato!