
Essa é uma pergunta que eu sempre me faço: ajudo com isso, ou não? Eu tendo a acreditar que na maioria das vezes a gente NÃO deveria ajudar quando uma pessoa nos pede ajuda. E por que deveríamos ajudar em poucas situações? Acredito que a ajuda deveria ser dada apenas em momentos ou situações em que há um certo risco para a integridade física e emocional da pessoa. Em todas as outras, não deveríamos ajudar.
Deixa eu explicar essa forma de pensar antes que gere alguma polêmica. Vou usar como exemplo algumas situações que ocorrem na minha casa, com meu filho. Muitas vezes ele me chama para pedir ajuda com coisas que ele quer fazer, por exemplo, no computador. Papai, me ajuda aqui? Seria muito mais fácil para mim chegar lá, sentar na frente do computador e fazer para ele, mas ao invés disso, pergunto: o que você quer fazer? já pesquisou na Internet sobre o problema? já viu se alguém descreveu como resolver o problema? já buscou vídeos sobre o problema?
Eu faço isso por duas razões: a primeira é que não posso criar uma pessoa que seja dependente de mim, não vai ser saudável para ele no futuro. A segunda é que é preciso que ele desenvolva sua capacidade de entendimento, análise e resolução do problema.
Via de regra, a nossa primeira reação quando alguém nos pede ajuda para resolver um problema é apresentar a solução e sair, meio que sem pensar, resolvendo a situação. É meio que instintivo e muito mais rápido e simples de ser feito. Agir dessa forma faz com que possamos voltar mais rapidamente para a atividade que estávamos fazendo antes de sermos “atrapalhados” pela pessoa que precisa de ajuda. Podemos ver até mesmo com um pouco de egoísmo, ego e conveniência do nosso lado fazer dessa forma.
Ao invés, se realmente queremos ajudar as pessoas, não deveríamos ajudar. Sim, é paradoxal, inclusive, isso é chamado de Paradoxo da Ajuda. Ao invés de sair resolvendo o problema, deveríamos fazer perguntas que obriguem as pessoas pensarem, refletirem sobre a situação. Fazer com que elas tentem aprender por si próprias formas de resolver o problema elas mesmas.
A maioria das situações do nosso dia a dia, de ajuda que nos pedem, se enquadra nessa categoria. Seja em casa, seja no trabalho ou em nossas relações interpessoais, os pedidos de ajuda que recebemos não precisam realmente da nossa ajuda. Quando alguém nos põe um problema e saímos falando como resolver, entramos muitas vezes no chamado: conselho não solicitado. Ao receberem conselhos não solicitados, as pessoas não aprendem, incorrem nos mesmos erros e ficam presas aos mesmos problemas.
A melhor forma de aprendizado e de resolução de problemas passa, em primeiro lugar, pelo entendimento do verdadeiro problema. A pessoa que pede ajuda precisa ser obrigada a refletir bem para entender e concluir qual a causa do seu problema. Posteriormente, passa pela criação e implementação da solução. Ao realizar este processo, a pessoa tende aprender de forma mais profunda, desenvolvendo um mecanismo que pode ser repetido para todos os problemas futuros.
Então é assim, na próxima vez que alguém lhe pedir ajuda, salvo se esta pessoa estiver correndo risco físico ou psicológico, tente ajudar não ajudando. Deixe seu ego e preguiça de lado, dê o apoio fazendo perguntas de maneira que a pessoa saia sozinha do problema. No início nem ela nem você vão gostar, mas no futuro ela vai lhe agradecer!