Planos e mudanças em 2023?

Com a chegada do novo ano muitos de nós fazemos planos frente a desejos de mudanças, de melhoria. Em nossas cabeças, momentos como a virada do ano servem para definir o fim de um ciclo e o início de outro, sempre melhor. Isso é absolutamente normal, dado que buscamos esses momentos como uma forma de fronteira entre o velho e o novo EU. Esses momentos são ótimos para iniciar novos comportamentos, mas, de forma isolada, eles não funcionam a médio e longo prazo.

Se pararmos para pensar, em vários anos prometemos a nós mesmos mudanças. Começamos a mudar mas logo após algumas semanas ou poucos meses voltamos aos comportamentos anteriores. Isso vale em várias áreas, desde as nossas relações interpessoais, passando pelo trabalho e hábitos de saúde como exercício e alimentação. Mas, por que as mudanças de comportamento não se sustentam após a virada do ano?

Bom, isso acontece porque, quando mudamos, não nos sentimos bem com o novo EU. Na maioria das vezes as mudanças são muito bruscas, tão pesadas que nos sentimos mal ao tentar executar os novos comportamentos. Vamos pegar um exemplo. Um dos desejos de mudança mais comuns é o de criar hábitos mais saudáveis e se exercitar. É provável que muitos tenham tentado mudar e se exercitar mais com a virada do ano mas falharam miseravelmente. Estas mudanças normalmente são feitas procurando exercícios pesados. Corridas longas, musculação com muito peso, enfim, exercícios fortes. A reação do corpo quando se depara com isso no dia 1 de Janeiro é, DOR, MUITA DOR. Quem em sã consciência volta para o exercício depois de sentir muita dor?

Outro exemplo é a alimentação. Ano que vem vou começar com um regime pesado, vou cortar carboidratos, dizemos a nós mesmos. Novamente, a reação do nosso corpo ao se deparar com tal mudança abrupta é, IRRITAÇÃO e FRAQUEZA, das piores que se pode imaginar. Quem em sã consciência continua em uma dieta ao se sentir irritado e fraco?

Os exemplo são muitos… Então precisamos entender por que, quando buscamos mudar e construir um novo hábito, sempre queremos começar com força? Eu acredito que isso está relacionado a forma como vivemos hoje em dia. Somos bombardeados por estímulos que nos geram rápidas recompensas. Nossos cérebros estão acostumados a se satisfazer rapidamente e a mudança de um hábito, um novo comportamento, não gera recompensas imediatas. Ao contrário, para que um novo hábito de saúde ou estudo gere resultados pode levar anos.

Então estamos fadados a nunca mais mudar os hábitos ruins? Não, acho que podemos enganar nosso cérebro. Para isso, eu gosto da idéia de começar devagar, com pequenos passos. Quer correr, comece caminhando, acompanhe sou evolução em pequenas progressões. Quer comer melhor, comece mudando uma pequena parte da sua alimentação, retirando algo que lhe prejudique e acompanhe a pequena progressão. Quer dormir melhor, vai ajustando a hora de se deitar aos poucos e vá acompanhando ela ficar cada vez mais consistente.

Aos poucos, é possível ter pequenas recompensas relacionadas a pequenas mudanças de comportamento. Esse processo gera um benefício acumulado porque o comportamento vai, aos poucos se moldando naquilo que você está buscando como o seu ideal. Com essas pequenas mudanças você tem mais chances de se sentir motivado, porque as recompensas vão chegando. Com o tempo, você vai adquirindo a disciplina e, a partir daí, vai dando passos cada vez maiores. Tudo sem sofrimento, tudo com prazer.

Sinta as boas sensações das pequenas mudanças e dos ganhos cumulativos e Feliz Ano Novo!

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Autor: André Ferreira

Diretor de Vendas LATAM na LivePerson, Doutor em Ciências, Mestre em Engenharia e MBA em Gestão de Operações pela POLI USP. Estudante de Psicologia.

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