Saindo de si…

Sabe aquela sensação de: já acabou? Normalmente sentimos isso quando estamos fazendo coisas que gostamos muito. Ficamos tão inseridos na atividade que perdemos a consciência do tempo e de tudo que está ao nosso redor. Consciência, essa é a palavra-chave nesse artigo. E sobre isso que vamos conversar aqui.

Pare para pensar um pouco nas conversas que você tem com outras pessoas e tente ver em quantas dessas conversas as pessoas estão reclamando da vida. Tente pegar aquelas situações extremas em que elas dizem: queria sumir por um tempo! Vamos olhar estas situações nos próximos parágrafos.

As pessoas que se encontram em situações de estresse recorrente, que passam por momentos de pressão em suas vidas profissionais e pessoais podem, com certa frequência, se encontrar na situação de que gostaria de se afastar de tudo por um tempo como um mecanismo de defesa, de fuga do contexto em que ela se encontra. Estas pessoas pensam dessa forma porque estão muito conscientes do mundo que vivem. Estão atentas a tudo ao seu redor e em um estado de atenção que permita responder imediatamente a qualquer situação que represente um risco para sua segurança, pessoal ou profissional. A inserção nesse contexto por grandes períodos de tempo é que gera esse desejo de fuga.

Mas como resolver esse tipo de situação? Você pode estar se dizendo: não tenho como mudar de emprego ou de contexto familiar. Sim, a maioria de nós não pode mudar de tal sorte a se afastar em definitivo de tais situações estressantes. Mas existem alguns mecanismos que podemos lançar mão para nos ajudar a atenuar tal pressão. Uma das respostas para isso está no título do artigo: saindo de si.

Quando estudei sobre consciência, percebi que consciência é um estado mental proposital. Optamos por estar conscientes de várias coisas ao nosso redor. Existem várias engrenagens em nossos cérebros que ativam esse estado mental de consciência. Uma vez que ativamos esse estado, desligá-lo fica difícil. Difícil, mas longe de ser impossível  Algumas pessoas recorrem a certas drogas nessa busca. O uso do álcool, por exemplo, é uma ferramenta para desligar a consciência, pelo menos por um tempo. Mas aqui queremos falar de outras abordagens muito melhores e, certamente, mais saudáveis.

Em alguns artigos passados falamos de um psicólogo chamado Mihaly Csikszentmihalyi e de um negócio que ele chama de Flow. Aquela sensação que descrevemos no início do artigo é característico de um estado de Flow. Em Flow nós conseguimos desligar a nossa consciência, deixamos de perceber os estímulos ao nosso redor e esquecemos dos problemas porque ficamos imersos em uma determinada atividade. Existem várias formas para entrarmos em Flow: fazer uma atividade física prazeirosa; ler um livro ou assistir um filme interessante; conhecer e conversar com uma pessoa interessante; etc.

Então, da próxima vez que conhecer alguém que queira sumir por um tempo (isso se aplica a você também), converse com ele sobre a ideia de, ao invés de sumir, inserir atividades que permitam a ele entrar em Flow de forma recorrente. Sumir não vai resolver os problemas. Problemas são parte natural da nossa vida cotidiana, vamos precisar conviver com eles. Mas não precisamos pensar neles 24 x 7, podemos desligar nossas consciências duas, três, cinco vezes por semana. Podemos sair de si, re-energizar e voltar fortes para enfrentar os problemas de frente.

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Autor: André Ferreira

Diretor de Vendas LATAM na LivePerson, Doutor em Ciências, Mestre em Engenharia e MBA em Gestão de Operações pela POLI USP. Estudante de Psicologia.

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