Hoje joguei meu primeiro Campeonato Brasileiro de Esgrima Veterano. Nesse campeonato eu procurei observar as sensações que experimentei antes, durante e depois do campeonato. Sendo o meu terceiro campeonato, queria entender como estas sensações afetam meu desempenho no esporte e, principalmente, na vida.
Bom, vamos lá, antes do jogo, especialmente na noite anterior, experimentei muito frio na barriga, aquele frio de ansiedade que é típico de uma situação desconfortável que estamos próximos a passar. Por conta desse nervosismo, demorei muito para dormir. Rodei de um lado para outro na cama por mais de 30 minutos. O sono foi leve, despertei várias vezes durante a noite. Acordei mais cedo que o esperado. Normalmente em situações de nervosismo eu não consigo comer, mas durante a manhã consegui tomar um bom café. Fui para o ginásio e comecei a aquecer mais cedo para tentar baixar o nervosismo. O aquecimento rolou super bem, coração chegou a 140 bpm sem problemas como em exercícios cotidianos aeróbicos.
Durante a prova foi interessante. No primeiro jogo o nervosismo estava muito alto, muita ansiedade e coração palpitando forte. Um pouco de tremedeira nas pernas e nas mãos. Notava que essa tremedeira atrapalhava meu jogo. Me sentia travado, sem que pudesse executar os movimentos da forma correta. Percebi claramente que perdi pontos por conta dessa instabilidade, o que me fez pensar mais na limitação e ficar ainda mais nervoso. Esse padrão se manteve nos dois primeiros jogos de grupo. No jogo eliminatório, meu primeiro tempo foi ainda mais nervoso. A sensação de ansiedade era muito forte. Alguns pontos eu sequer me lembro dos movimentos realizados. Ao sentar no intervalo, ouvi as instruções do Baldin. Algumas entraram na minha cabeça, mas acho que a maioria não. Comecei o segundo tempo mais lento, tentando observar melhor o jogo. Fui bem melhor. Os pontos foram saindo e fui me acalmando mais. Notei bem mais as jogadas e pude inclusive questionar o árbitro em alguns pontos. Parei em alguns momentos para respirar, isso me ajudou muito. No último ponto um movimento incorreto, finalmente sentia que o movimento era consciente. Um pouco tarde para obter consciência de tudo, fim de campeonato 😬
Após o fim um grande vazio. Nesse momento a amígdala deve ter reduzido a atividade e as glândulas responsáveis pela produção de noradrenalina e cortisol finalmente relaxaram. As conexões neurais possivelmente entraram em inibição, sistema simpático foi dando espaço ao parassimpático e o córtex frontal foi tomando controle de tudo. Ainda não conseguia relaxar, mas ia tentando entender um pouco melhor tudo que tinha acontecido. Aos poucos ia lembrando do que conseguia. De qualquer forma, a dopamina gerada pelos bons pontos que fiz no final do último jogo começava a esvaziar e parecia dar uma sensação de leve depressão. Já acabou? Sim, tudo muito intenso, mas muito produtivo. De novo me senti vivo, muito vivo. Com muita reflexão vou aprendendo e entendendo aos poucos as maravilhas desse esporte. Aos poucos vou conhecendo meu corpo melhor, como reajo as situações. Aos poucos vou tentando resolver os desafios que minha mente me coloca. E a cada experiência desse tipo, agradeço à Deus pela minha passagem aqui.
O saldo, além de me aprofundar no autoconhecimento, a qual considero uma das maiores ferramentas que temos para nos tornarmos melhores, foi ter conhecido pessoas novas. Pessoas incríveis, divertidas e interessantes. Espero ter feito novos amigos, amigos que completem a minha vida como os amigos da Baldin Esgrima.
Obrigado Pedro por ter me apresentado à Esgrima e ao Sabre como arma de jogo. Obrigado Thásia por sempre estar do meu lado e me aguentar nos meus momentos mais estressados! Amo vocês!